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FLUL - Relatório de Estágio (curso Ciências da Cultura)

Trabalho final de conclusão da Licenciatura em Ciências da Cultura pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa:
 
 
Relatório do estágio efectuado na entidade de encolhimento Mundo Universitário (http://www.mundouniversitario.pt/)
 
Tema de estágio: A importância da plataforma digital para um jornal do século XXI
 
 
Introdução e Enquadramento teórico
 
O jornalismo sempre existiu como uma das actividades e das práticas humanas que melhor soube empregar a mais recente tecnologia e usá-la para alcançar e informar mais e novos públicos. A revolução industrial inglesa foi um dos factores que impeliu o jornalismo quando este estava ainda no seu início e a partir desta altura, toda a inovação tecnológica evoluíu esta indústria para um novo nível.
 
A invenção da rádio, que tomou como uma das suas principais funções a de transmitir notícias, muitas vezes, actualizadas de hora a hora ou de meia em meia-hora, atingiu cada vez maiores e novos públicos, como aqueles que não sabiam ler e escrever, um número bastante considerável na altura; ou, simplesmente, aqueles que não estavam assim tão interessados na informação ao ponto de gastar tempo e dinheiro numa edição em papel, mas que estavam dispostos a fazê-lo se essa informação fosse transmitida de uma forma mais criativa e que não exigisse a sua total atenção. Em contrapartida, a invenção da televisão, provavelmente uma das mais marcantes invenções de sempre, fez mesmo mais do que mudar a face do jornalismo, deu-lhe uma face e um novo formato, deu imagens e caras familiares às notícias e a quem estava envolvido nelas, conquistando e tornando-se mais acessível a novos e antigos públicos.
Todavia, apesar de todas estas mudanças, a invenção e o aparecimento da Internet gerou ainda maiores transformações na indústria jornalística do que a invenção da rádio ou mesmo a invenção da televisão.
 
A Internet teve origem nos Estados Unidos da América, no Departamento da Defesa. Tudo começou com a Guerra Fria e todo o medo e a paranóia que esta gerou. Foi o receio de um hipotético ataque nuclear da União Soviética ao continente norte-americano que levou à ideia da criação de uma rede descentralizada, de modo a que as informações, armazenadas nos computadores militares, não se perdessem para sempre em caso de ataque. A ideia foi apadrinhada pelo Pentágono e, assim, nasceu a ARPANET, em 1969, ligando quatro universidades dos Estados Unidos mas, rapidamente, o propósito inicial da ARPANET foi extrapolado e os utilizadores passaram a usá-la para fins menos “nobres”.
 
Em 1973, a ARPANET atravessa o Atlântico até ao norte da Europa, passando a ligar a University College, em Londres, e o Royal Radar Establishment, na Noruega. O número de utilizadores da ARPANET cresceu exponencialmente durante a década de 80 do século XX, até ser desmantelada pelo Departamento de Defesa dos EUA e rebaptizada, passando a denominar-se popularmente de Internet, o nome que hoje todos conhecemos, mas as potencialidades que actualmente a Internet oferece só foram e são possíveis graças à criação da World Wide Web (WWW), um sistema de visualização da informação baseado no hipertexto. Com a World Wide Web, para além de texto, a rede passa a integrar imagem, vídeos e sons, e transforma-se num sistema público à escala mundial em que qualquer pessoa ou computador pode conectar-se à Internet.
 
Graças a todas estas potencialidades, a Internet passou a oferecer ao jornalismo mais do que o aditivo de um sentido, como fizeram a rádio com o som e a televisão com a imagem. As novas ferramentas ao serviço da troca de informações apresentam a possibilidade de revolucionar as relações entre as empresas de comunicação, as fontes e os leitores e a criação de um produto completamente novo: a webnotícia.
 
A webnotícia é um fenómeno completamente único no jornalismo. Enquanto que uma notícia, trasmitida em suporte papel, rádio ou televisão, se limita a traduzir factos ou uma interpretação dos factos para um leitor, um ouvinte ou um telespectador, quando essa notícia é transmitida por um suporte digital e se trasnforma numa webnotícia, ganha um caractér totalmente diferente. Enquanto que nos meios de comunicação referidos, a notícia é um fim em si própria, a webnotícia é o princípio de algo, um “tiro de partida” para uma discussão com os leitores. Se a rádio e a televisão começaram a atraír novos e cada vez mais numerosos públicos ao divulgarem as notícias de uma forma mais acessível e identificável, então a Internet e a webnotícia levam esta ideia ao extremo dando a oportunidade ao receptor da notícia de não só a comentar mas também a transmitir a quem ainda a desconhece e tornar-se ele próprio num jornalista e emissor de notícias através de um outra também novo fenómeno, o Blog/Blogue, um espaço na Web onde qualquer um pode ter a sua voz, transmitir as suas ideias e opiniões e, essencialmente, ser um jornalista amador.
 
Este fenómeno do Blog/Blogue, apesar de permitir uma grande acessibilidade e liberdade ao leitor e ao antigo àvido consumidor de notícias pode, no entanto, também ser encarado como o princípio do fim do Jornalismo como até agora o conhecíamos, uma vez que levanta duas questões fundamentais:
 
- O webjornalismo significará então o fim do jornalismo em papel?
- Qual o futuro do jornalismo na era da Internet?
 
A primeira questão pode ser respondida com um “não” a curto e médio prazo. Estudos comprovam que a leitura no ecrã exige cerca de 30% mais esforço dos olhos do que a leitura em papel e tão cedo não teremos uma tecnologia de ecrãs ou de e-paper capaz de contornar este problema. Além disso, apesar dos instrumentos e gadgets tecnológicos se estarem a tornar cada vez mais pequenos e compactos, o papel continua a ser mais portátil e manuseável, acrescentado-se ainda que os jornais com versões impressas e on-line também têm apostado numa lógica de complementaridade e não de competição entre ambas, com a utilização de serviços online, como inquéritos, votos, concursos e a consulta de anúncios de classificados, para estimular a adesão aos jornais impressos. As versões online dos jornais tradicionais de qualidade contabilizam-se entre os sites mais acedidos, com tudo o que isso representa em contrapartidas publicitárias. O sucesso das versões online dos grandes jornais tradicionais é de tal forma grande que alguns desses jornais já têm conteúdos pagos e conteúdos especiais para assinantes. Mas o preço crescente do papel de jornal, o aparecimento do e-paper e as crescentes potencialidades da informática e das telecomunicações podem, a longo prazo, quem sabe nem tão longo como isso, contribuir para que o jornal no suporte papel pouco mais venha a ser do que uma peça de museu e para que a webnotícia, seja nalgum Blog/Blogue ou num jornal online se torne o principal meio de comunicação e informação.
 
Quanto á segunda pergunta, se a primeira já não era nada fácil de responder, então esta ainda é mais difícil, pois a Internet impôs ao jornalismo mudanças na busca, no processamento e na difusão de informação. Os jornalistas usam a Internet como fonte e como veículo de comunicação com os seus pares, as fontes e os seus superiores. Porém, o excesso de fontes disponíveis também pode representar um acréscimo de stress para o jornalista, na hora de seleccionar fontes e informações sob o estigma da concorrência. A abundância de informação, incluindo a informação disponibilizada pelos meios concorrentes e de fontes na Internet coloca ainda ao jornalista o problema da avaliação e da credibilidade da fonte, no que respeita ao interesse, veracidade e importância da informação.
 
A abundância de fontes e de informação é um dos factores que incentivará o processo de especialização jornalística. Só um jornalista verdadeiramente especializado e capaz de fazer análise e associar ideias e informações poderá mover-se num cenário de super-abundância de recursos informativos. Imaginemos, por exemplo, um jornalista de ciência. Ao ritmo a que cresce a produção científica nos dias que correm, nos diferentes domínios das ciências, será manifestamente impossível para um cientista, e também para um jornalista, conhecer tudo o que é novidade e estar sempre a par do último desenvolvimento. Este cenário obriga a uma especialização crescente por parte dos cientistas e por parte de quem selecciona e descodifica a informação para o grande público, o jornalista, que necessita, cada vez mais, de possuir uma formação superior e de continuar a formar-se e a informar-se ao longo da sua vida profissional pois, numa era em que qualquer indivíduo pode ser um jornalista através dos blogs/blogues e divulgar as mais diversas notícias através de diferentes sites e fóruns, será pela qualidade e credibilidade da informação que se pode fazer a distinção entre um cidadão comum que mantém o seu website pessoal e um jornalista profissional.
 
Um jornalista bem preparado, na actualidade, tem de dominar a linguagem e a técnica de diferentes meios e de especializar-se em determinados conteúdos, para poder encontrar a melhor informação num espaço sobre-informado,enquanto que o ciberjornalista, o webjornalista, o blogger tem de ser um jornalista mais preocupado com o leitor, tem de ter mais presente o leitor na notícia, pois o leitor não apenas determinará o sucesso ou insucesso do jornalista como também poderá interagir mais com o jornalista e até com as fontes referenciadas nas notícias e ainda determinará a sequência de navegação entre a informação que lhe é oferecida em várias páginas e sites. O ciberleitor é mais do que um leitor tradicional, pois é proactivo e não passivo ou reactivo, como referido anteriormente.
 
O profissional do jornalismo é assim forçado a ter uma grande bagagem cultural, um estilo apurado e, principalmente, um espírito crítico para não apenas transmitir informação, mas também interpretá-la e comentá-la.
 
É possível concluir que a Internet veio transformar e revolucionar o jornalismo e a forma de o fazer e, numa época em que basta ligar o computador e aceder à Internet para qualquer um de nós, se informar ou transmitir informação, quem o planeia fazer no presente ou no futuro tem de apostar na qualidade e na formação académica, pessoal e cultural para poder competir e alcançar sucesso nesta tão preenchida área.
 

Apresentação da entidade de acolhimento

Entidade de acolhimento – MU (Jornal Mundo Universitário)

O Mundo Universitário (MU) é um jornal gratuito distribuido nas principais universidades de Portugal continental. Foi lançado pelos mesmos fundadores do Destak em Maio de 2004, tendo rapidamente singrado junto da população estudantil. O MU tem periodicidade quinzenal e pode ser encontrado nos principais pólos de ensino universitário em todo o país. Durante o Verão as edições são distribuidas em praias e locais de diversão nocturna.

O Mundo Universitário é a única publicação nacional concebida inteiramente para o público universitário e desde há seis anos que aposta na criação de uma plataforma de comunicação para estudantes e universidades, dando espaço às diversas vozes na área do ensino superior e investigação, mas também nas áreas do emprego, talento, empreendedorismo e cultura - cinema, música, artes, novas tendências e vida nocturna.

A jornada desta publicação quinzenal iniciou-se, como já referido, no ano de 2004 e a sua popularidade e tiragem nunca parou de aumentar, levando o jornal a criar suplementos como o MUSénior (Mundo Universitário Sénior), que tem como público-alvo a faixa etária com a idade mais elevada, suplemento este lançado devido ao aparecimento de um novo fenómeno sociedade, a implantação e a forte adesão das universidades para a terceira idade, como o MUInfantil (Mundo Universitário Infantil), destinado ao público mais novo, os estudantes do primeiro e do segundo ciclo do ensino básico e, por fim, o MUEscolar, o último suplemento, pensado e redigido para os alunos do ensino secundário e publicado apenas um reduzido número de vezes por ano, tendo como principal função a de oferecer dicas e conselhos sobre como ingressar no ensino superior, como se desenrola todo o processo de candidatura e o que se pode esperar da experiência universitária.

A equipa encarregue do jornal neste momento é composta por Laura Alves, Directora Editorial, Andreia Arenga, jornalista e encarregue da Redacção, Graziela Costa, responsável pela departamento Online, Bruna Pereira, João Tomé, José Frazão Reis, Luís Magalhães, Miguel Pedreira, Mónica Moitas e Renata Lobo como colaboradores, Joana Túlio encarregada do Projecto Gráfico, Filipa Andrade na Paginação, Catarina Poderosa responsável pela Revisão, Vanda Filipe encarregue do Marketing, estando a Publicidade a cargo de Margarida Rêgo (Directora Comercial), Elsa Tomé (Account Sénior) e Mariana Jesus (Account Júnior) e a Distribuição a cargo de José Magalhães.

A sede do jornal situa-se na Outurela, no Parque Holanda, a escassos metros do edifício da SIC (Sociedade Independente de Comunicação), sede essa que abriga também o jornal Metro, o jornal Destak e a Goodlife, outras das empresas pertencentes à Moving Media Publicações, a editora do MU.

Para além da edição em papel, o jornal Mundo Universitário é actualizado diariamente em http://www.mundouniversitario.pt/.
 
 
Apresentação e Análise Crítica do site da entidade de acolhimento – MU (Jornal Mundo Universitário)
 
O site do jornal MU (Mundo Universitário) pretende ser uma plataforma para a procura e partilha de informação, bem como de oportunidades profissionais e académicas, destinadas a quem ingressou, quem frequenta ou quem acabou de conluir o ensino superior.
 
O site tem sempre presente no background as cores do jornal, o azul e o amarelo.
 
A homepage do MU apresenta à esquerda nove links para as diversas secções do site:
 
- 1º PÁGINA leva-nos para a própria homepage;
- PODER À PALAVRA dirige-nos para uma secção, entretanto, já extinta, que se encontra agora a ser trabalhada;
- CAMPUS destina-se a quem procura informação relativa às mais recentes notícias, novidades e actividades nos locais de ensino superior (universidades, institutos...);
- EMPREGO E FORMAÇÃO pretende mostrar informação sobre estágios, feiras de emprego e oportunidades de trabalho para os jovens universitários;
- 20 VALORES é o portal para uma secção que está ainda em construção, onde têm sido colocadas as últimas grandes reportagens da edição do jornal em papel;
- ARTES disponibiliza informação sobre as peças de teatro que se encontram em cena e mais interessam os universitários, sobre concursos de fotografia, pintura, etc. e workshops que estão a decorrer ou irão decorrer brevemente;
- JUKEBOX informa quais os próximos nomes do panorama musical a actuar no nosso país, bem como os festivais prestes a ocorrer e os cartazes destes;
- 7ª ARTE aborda e analisa as mais recentes obras cinematográficas;
- 5ª DIMENSÃO é o nome do link que transporta o utilizador para a secção que mostra informação sobre as mais recentes gadgets tecnológicas e os jogos de vídeo acabados de lançar;
- DESPORTO guia-nos para a cobertura do desporto universitário;
- SALADA RUSSA trata-se do link para a última secção do site, uma secção destinada a notícias que interessam ao público universitário, mas que não se conseguem definir em nenhuma das secções anteriores.
 
Do lado esquerdo, encontra-se também o separador ÚLTIMA HORA, uma das mais importantes secções do site, visto que se destina às notícias e updates mais recentes.
O site disponibiliza também um link para os PASSATEMPOS que decorrem em parceria com o jornal, outro link que permite o download da edição em papel no formato PDF e ainda outro que destaca e permite ler o editorial da edição em papel mais recente.
O TOP 3 das notícias mais lidas e comentadas, um INQUÉRITO com questões sempre pertinentes relativas à educação no ensino superior e ainda links para o forúm do jornal e para o portal do jornal nas redes sociais (MySpace e Facebook) completam a homepage, tal como a rádio e a publicidade, parte das parcerias que o MU detém com as entidades representadas.
 
O site não dispõe da melhor tecnologia e continua em permanente construção, como é possível constatar pelo facto da extinção da secção PODER À PALAVRA e pela falta de definição na secção 20 VALORES, mas é actualizado diariamente, dispõe de informação fidedigna e dispõe também de um fórum onde os utilizadores têm a possibilidade de comentar e transmitir as suas opiniões em relação, não só quanto ao conteúdo e à propria estrutura da página, o que me faz considerar a página do MU não um grande site, mas sim um site acima da média e com a possibilidade de melhoria, transformação e inovação sempre presente.
 
 
 
Reflexão sobre as valências aprendidas na faculdade úteis para o estágio
 
Ao longo destes três anos passados na Faculdade de Letras, foram várias as cadeiras nas quais me inscrevi, a maior parte delas completei, algumas deixei para trás e outras ainda, estas opcionais, decidi mesmo trocar por outras no ano seguinte. Todavia, algo que todas estas cadeiras tiveram em comum foi o facto de, mais tarde ou mais cedo, acabarem por me fazer colocar a pergunta “Será que as matérias e os conhecimentos que aprendi ou estou, neste momento, a aprender com esta disciplina alguma vez me serão úteis no e para o meu emprego futuro?”
 
Felizmente, este breve estágio no Jornal Mundo Universitário providenciou-me as primeiras respostas a esta tão complicada questão.
 
Claro que não posso deixar de referir que, tratando-se a entidade de acolhimento de um jornal, um meio de comunicação, tanto no suporte papel, como no suporte digital, é perfeitamente natural que os conceitos aprendidos nas disciplinas mais centradas na vertente cultural do curso (História das Ideias Contemporâneas, Cultura Moderna ou Cultura Medieval são alguns exemplos de disciplinas que gostei bastante de completar, mas cujos conhecimentos adquiridos nelas acabaram por não ter grande impacto na minha experiência de estágio) tenham desempenhado um papel menor que aqueles adquiridos nas cadeiras mais centradas na vertente Comunicação, embora algumas das noções dadas em Cultura Visual e Estudos Culturais tenham sido úteis em certos pontos (a noção de marca, por exemplo).
 
Já que o meu trabalho no jornal se centrou, essencialmente, em redigir e resumir notícias para o portal digital do Mundo Universitário, mantendo o portal sempre actualizado, devo afirmar que, embora, como todos os jovens da minha geração, tenha já tido experiência prévia a operar diversos softwares e programas de computador, os conceitos e métodos adquiridos nas disciplinas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) I e TIC II foram fundamentais, tais como os aspectos mais técnicos da Comunicação e do Jornalismo aprendidos em cadeiras como Teoria da Comunicação e Linguagem dos Média, nomeadamente a Teoria da Pirâmide Invertida e os conceitos de antetítulo e entretítulo, verdadeiramente essenciais para a redacção e o resumo de notícias para o portal digital do jornal e também para outra tarefa que desempenhei frequentemente, a redacção de Breves (pequenas notícias com pouco mais de 500 caracteres que figuram na edição em papel do jornal, normalmente no cabeçalho, no rodapé ou nalguma coluna lateral da página).
 
Por fim, algo que sinto ter a obrigação de abordar e que decerto, grande parte dos meus colegas também o irão fazer nos seu relatórios de estágio, é o facto das disciplinas que abordam os aspectos mais técnicos da escrita e da linguagem como Estrutura das Frases em Português, Linguística do Texto ou Produção do Português Escrito parecerem já estar um pouco ultrapassadas ou, então, não pertencerem verdadeiramente a este curso, já que, ao contrário das disciplinas que referi na vertente cultural, afirmando que, de facto, acabei por não dar grande uso aos conceitos aprendidos nestas, o grau de especificidade, dificuldade e pormenor exigido nestas disciplinas técnicas é, na minha opinião, bastante exagerado e, até ao momento, ainda não usei os conceitos e as matérias adquiridas nelas, matérias essas que, ao contrário dos conceitos leccionados em cadeiras como Estudos Culturais ou Cultura Visual, que podem não ter um uso específico na Comunicação ou no Jornalismo, mas que nos ensinam a manter a mente aberta, a observar, a questionar, a “ler nas entrelinhas” e a analisar um problema, uma questão, ou, mais concretamente, uma notícia, sob diversas perspectivas. Em contrapartida, as disciplinas de linguística referidas não só não se revelaram úteis para o trabalho realizado na entidade de estágio, a redacção, resumo e produção de notícias, como também não me parece que me tenham enriquecido pessoal e académicamente, razões pelas quais não consigo compreender qual a verdadeira utilidade das disciplinas mais técnicas de linguística neste curso.
 
 
Balanço da experiência de estágio
 
As pouco mais de 120 horas de estágio passadas no jornal Mundo Universitário foram uma das mais interessantes e educativas experiências da minha vida até agora. Este estágio não foi o meu primeiro contacto com o cada vez mais exigente e frustrante mundo do trabalho, mas foi o meu primeiro contacto com um emprego numa área que considero sériamente ser aquela em que pretendo trabalhar e, talvez mesmo, especializar-me, pelo que, embora tivesse iniciado o período de estágio com altas expectativas, posso afirmar agora que estas acabaram por ser totalmente correspondidas.
 
Ao longo de toda a experiência, foram várias as competências que adquiri, desde simples tarefas, como a edição básica de imagens através do Microsof Office Picture Manager ou como operar o Microsoft Outlook, a outras mais específicas como resumir e inserir uma notícia no backoffice da plataforma digital da entidade.
 
Embora, inicialmente, o horário tenha sido um problema, uma vez que conciliar as horas de estágio com o horário das aulas na faculdade acabou por não se revelar fácil, o estágio no Mundo Universitário deu-me ritmo de trabalho e a obrigação de estar em determinado local a determinada hora, algo que a liberdade, por vezes, uma vantagem e, por outras, uma desvantagem, da própria faculdade não oferece.
 
Algo que também me fascinou imenso e me surpreendeu, pela descontracção e grande afabilidade, foi o ambiente vivido na redacção, ambiente esse que adoraria reviver na minha próxima experiência de trabalho, uma vez que se tratou de um ambiente onde, apesar de existir uma hierarquia bem definida, todos os elementos da equipa se revelaram bastante simpáticos e de fácil acesso e, logo desde o primeiro dia, todos me puseram à vontade, pedindo-me apenas que os tratasse por “tu”.
 
Já o trabalho realizado na entidade obrigou-me também a rever, redescobrir a importância e a aplicar os mais diversos conceitos aprendidos e desenvolvidos em disciplinas como Teoria da Comunicação e Linguagem dos Media, de modo a redigir, resumir e produzir notícias, breves e artigos correcta e eficazmente.
 
Como referi no início deste balanço, as minhas expectativas para esta experiência eram bastante altas, mas acabaram por ser totalmente correspondidas, pois não só adquiri novas competências e uma nova visão da profissão de jornalista com todo o trabalho que efectuei na plataforma online do jornal, como as adquiri num ambiente verdadeiramente simpático e acolhedor, o que me proporcionou uma aprendizagem mais fácil e descontraída e cedo me confirmou que é, de facto, esta a área na qual pretendo continuar a trabalhar.
 
 
Conclusão
 
O jornalismo mudou. A Internet deu a qualquer indivíduo a possibilidade de não só ter acesso às mais recentes notícias e acontecimentos num espaço de apenas alguns minutos após estes se terem realizado, como também a possibilidade de os divulgar pela primeira vez a todos os outros cantos do mundo, tornando-se assim o principal meio de comunicação nos dias de hoje e renegando a televisão, a rádio e a imprensa para os lugares secundários.
 
Com tamanha concorrência e enorme saturação, tanto de informação como de transmissores de informação, a profissão de jornalista já não assume a mesma forma que assumia há alguns anos atrás, tendo esse sido um dos muitos aspectos que este estágio no jornal MU (Mundo Universitário) me ajudou a compreender. Num mundo actual, onde qualquer pode ter acesso à notícia mais recente e ao próximo “furo jornalístico”e não ter quaisquer dificuldades em ser o primeiro a divulgá-lo, um jornalista profissional não pode simplesmente limitar-se a cumprir os parâmetros mínimos, apenas respondendo às perguntas “O quê?”, “Quem?”, “Quando”, “Onde?”, “Como” e “Porquê?”. É forçado a investigar mais e a aprofundar mais a informação, talvez mesmo dando-lhe um toque pessoal que não comprometa a sua imparcialidade e integridade jornalística, pois, como já referi anteriormente neste trabalho, a única forma do jornalismo profissional e da profissão de jornalista sobreviver e voltar a prosperar só poderá pela credibilidade e pela qualidade da informação noticiada, uma vez que é através da confiança na informação e na fonte da informação, bem como na qualidade presente na forma através da qual a informação é divulgada, que se pode distinguir um jornalista profissional dum simples cidadão com um blogue ou um site pessoal e essa credibilidade e essa qualidade serão os factores decisivos a impulsionar o público a preferir consultar ou até mesmo, quem sabe, pagar por uma informação disponível em diversos lugares, muitos deles gratuitos e de fácil acesso (sem ser necessário criar uma conta de utilizador, etc.), mas com uma qualidade e credibilidade inferiores.
 
É esta credibilidade e esta qualidade que não me canso de referir que me levam a desenvolver e a enfatizar ainda mais a ideia do jornalista não poder limitar-se a cumprir apenas os parâmetros mínimos e ter de aprofundar mais os seus conhecimentos, não só sobre a notícia em questão mas também apostando na sua própria formação. O jornalista de imprensa actual, e esta foi mais uma das valiosas lições que aprendi nesta minha experiência de estágio no MU, não escreve somente um artigo ou uma coluna, seja esta diária, semanal, quinzenal ou mensal, na edição em papel do seu jornal ou revista, mas sim distribuí-se pelas mais diversas plataformas desse jornal, seja a procurar, redigir e actualizar notícias e informações para o portal online do mesmo, a tarefa que desempenhei com maior regularidade na entidade de estágio, ou a produzir e a redigir notícias para os diversos suplementos e edições especiais do jornal, mantendo-se em constante rotação, em constante movimento, em constante aprendizagem e formação, de forma a conseguir manter o selo de credibilidade e qualidade que tanto ele e o jornal no qual trabalha precisam para sobreviver e prosperar num mundo com tanta concorrência e tanta facilidade no acesso à informação. Uma das formas, a melhor até, acredito, do jornalista manter ou até mesmo criar este tal selo de credibilidade e qualidade, bem como ainda se mantendo na referida constante aprendizagem e formação, é a especialização, a concentração e dedicação a uma àrea específica do jornalismo, de forma a poder inspirar confiança e gosto pela leitura nos leitores, que não só tornam o jornalista uma marca de referência nessa àrea particular como também, devido à credibilidade e qualidade demonstrada no seu trabalho nessa àrea, acabam por se interessar pelo trabalho nas outras àreas que um jornalista do século XXI tem também de abordar.
 
A profissão de jornalista não é fácil, parece-me mesmo um dos meios profissionais mais díficeis e competitivos neste momento, na qual temos de provar o nosso valor, sendo bastante ecléticos mas com uma especialização numa determinada àrea, enquanto nos mantemos em constante aprendizagem e formação. Todavia, apesar de todas estas dificuldades que se avizinham e do grande esforço exigido, este estágio no MU confirmou-me que esta continua a ser a carreira que pretendo seguir no futuro próximo.
 
 
Bibliografia e Webgrafia
 
Bibliografia:
 
- Alves, José A. (2005). O Poder da Comunicação. Cruz Quebrada: Casa das Letras.
 
- Balaguer, Mar de Fontcuberta (1999). A Notícia – pistas pra compreender o mundo. Notícias editorial.
 
- Pereira, Luciano Iuri; Marangoni, Reinaldo; Silva, Rafael Rodrigues (2002). Webjornalismo: Uma reportagem sobre a prática do jornalismo online. Editora webjornalismo.
 
 
Webgrafia:
 
http://pt.scribd.com/doc/1022682/O-jornal-impresso-na-era-da-internet (“O jornal de papel na era dos veículos on-line”, monografia de Bianca Rocha do Nascimento Reis para obtenção do diploma de Comunicação Social – Jornalismo). Acesso em 18/03/2011.
.
http://www.ipv.pt/forumedia/5/13.htm (“Jornalismo on-line”, texto de Jorge Pedro Sousa, Universidade Fernando Pessoa). Acesso em 18/03/2011.
 
http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/9501 (“Jornalismo online: evolução e desafios, dissertação de mestrado em Ciências da Comunicação (área de especialização em Informação e Jornalismo) de Marta Isabel Rodrigues Aguiar). Acesso em 22/03/2011.
 
http://www.amacad.org/publications/daedalus/spring2010/contents.aspx (edição digital do volume 139, número 2, Primavera 2010 da revista Daedalus, editada pela American Academy of Arts & Sciences, dedicada ao tema “Future of News”). Acesso em 22/03/2011.
 
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o-desafio-do-jornalismo-no-seculo-21 (pequeno estudo do Observatório da Imprensa brasileiro sobre o futuro do jornalismo neste século de grande evolução e fácil acesso tecnológico). Acesso em 21/05/2011.
 
- http://www.publico.pt/15Anos/DebatesPagar/Index%20 (“Jornalismo online – pagar ou não pagar”, tema de um debate proposto na página web de debates do jornal Público). Acesso em 18/03/2011.
 
 
Outros recursos:
 
- http://www.mundouniversitario.pt/(site da entidade de acolhimento).
 
- Consulta de diversas edições e suplementos do jornal Mundo Universitário, publicação quinzenal a cargo da Moving Media Publicações.
 
 
André Mateus
 
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Relatório do Estágio efectuado no Mundo Universitário para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

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